quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ler, Ver e Ouvir


As minhas leituras mais recentes passaram pela literatura lusófona de Gonçalo M. Tavares e Valter Hugo Mãe. Em “Jerusalém”, Gonçalo M. Tavares, debruça-se sobre as angústias do viver, do sentir, do amar e do morrer, utilizando uma escrita simples mas dura e apelativa. O título deve-se a uma referência bíblica citada pela esquizofrénica Mylia (página 170): “Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque a minha mão direita”.

Por sua vez, Valter Hugo Mãe em “A Máquina de Fazer Espanhóis”, aborda a última fase da vida do ser humano e a sua decadência na velhice. António Silva, de 84 anos, acaba de perder a sua companheira dos últimos 48 anos, Laura, e foi enviado pelos filhos para um lar onde apenas a morte o parece aguardar. Inicialmente, a solidão parece um tormento insuportável e não parece existir qualquer futuro mas aos poucos vai descobrindo novamente a amizade. Curiosa a apresentação do Esteves Sem Metafísica da tabacaria de Álvaro de Campos do Fernando Pessoa. Enfim, este “tsunami” da literatura portuguesa propõe-nos sem dúvida uma crítica mordaz à sociedade em que vivemos.

No que respeita a cinema, os últimos filmes que mais me entusiasmaram foram: Melancholia, de Lars von Trier; Habemos Papam, de Nani Moretti; The Help (As Serviçais), de Tate Taylor e The Tree Of Life (A Árvore da Vida), de Terence Malick.

Sobre os sons deste outono, ainda não me cansei de ouvir os últimos álbuns de Florence & The Machine, The Vaccines, Kurt Vile e Snow Patrol. E acabei de revisitar a obra dos The Smiths, Tindersticks e Belle & Sebastian.