sábado, 23 de julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Premiere, Empire, Total Film


A revista Premiere viu o seu monopólio terminar nos passados meses de Abril e Maio com a entrada no mercado português das revistas Total Film e Empire, respectivamente. Para os cinéfilos, apaixonados pelo cinema, que o vivem, que o discutem, que o coleccionam, que o defendem e que querem mais conhecimento é uma enorme satisfação.

A ex-monopolista Premiere, com mais de dez anos de idade em Portugal, parecia demasiado acomodada com a sua posição e não se poderia considerar um excelente guia de cinema mensal, além de que não primava pela inovação. Felizmente as duas últimas edições já melhoraram significativamente…

Em relação às duas estreias no mercado, ambas oferecem linguagem simples e directa, mas ao mesmo tempo rigorosa e mais completa e exaustiva que a Premiere.

A minha preferida: Empire.

Principais problemas: ambas se baseiam demasiado nas versões originais, com meras traduções para português da maior parte dos artigos e sem qualquer adaptação à nossa realidade (e ao nosso humor…). Além disso, será que existe mercado para as três revistas? As tiragens mensais passaram de 17 000 exemplares para cerca de 60 000 exemplares!!! Esperemos que sim e por muito tempo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Deolinda (Theatro Circo, 20 de Julho)


A pop acústica com algum fado e música popular portuguesa dos Deolinda fez-se ouvir num concerto só acessível por convite, o que deixou a esplendorosa sala muito pouco composta, e onde foram apresentados os principais temas dos dois álbuns da banda em cerca de 80 minutos, num ambiente animado onde não faltou uma versão de Funfagá da Bicharada de José Barata Moura. Ana Bacalhau foi a comunicadora de serviço, sempre bem disposta e bastante segura (de qualquer forma, que saudades da Teresa Salgueiro…). No encore a inevitável Parva Que Sou.

sábado, 2 de julho de 2011

Umberto Eco – O Cemitério de Praga




Um romance histórico interessantíssimo. Nem outra coisa seria de esperar de um mestre como Umberto Eco. O pano de fundo é dado pelas intrincadas intrigas políticas na nascente Itália e na velha França, no século XIX. Na península italiana, Garibaldi e Mazzini colocavam os reinos italianos a ferro e fogo. No entanto, as diversas facções digladiavam-se continuamente, com o Vaticano e a França sempre de permeio. Tal “embrulhada” de interesses e forças era terreno fértil para intrigas e jogos de poder onde reinavam os espiões e interesseiros como Simonini, o herói, ou melhor, o anti-herói deste livro.

Simonini é perverso, perigoso, traiçoeiro. Mas é também um pouco estúpido. Esta é a grande lição da obra: um homem pouco inteligente mas tremendamente perverso e impiedoso pode pôr em risco toda uma nação.

Umas vezes ao serviço de Garibaldi, outras de Mazzini, dos piemonteses, dos franceses, dos austríacos ou até dos russos, Simonini tem apenas um princípio do qual nunca prescinde: um ódio profundo, mortal, aos judeus. Simonini é um personagem suficientemente perverso para que todos os leitores nutram por ele um sentimento de revolta a roçar o mesmo ódio que ele sente por todos, bem expresso nesta afirmação de um personagem com quem Simonini negoceia: “O ódio é a verdadeira paixão primordial - o ódio une os povos, desperta a esperança nos miseráveis e solidifica o poder instituído – seja o ódio aos judeus, aos maçons, aos estrangeiros…” (pág. 432).

Este livro demonstra também como a história pode ser forjada por interesses mais ou menos obscuros: Simonini, o espião ao serviço de quem lhe paga mais, especializa-se em forjar documentos. E mesmo aqueles que sabem tratar-se de documentos falsos, agem como se fossem verdadeiros. A História, muitas vezes é construída apenas por falsários. 

Um outro aspecto interessante deste livro é o facto de Simonini ser praticamente o único personagem ficcional. Freud e Garibaldi são apenas dois dos mais conhecidos intervenientes na narrativa. Outros são verdadeiros trapaceiros com existência histórica comprovada que Eco estudou afincadamente.  

Trata-se portanto de um livro cheio de emoção onde é possível “ver” nas suas páginas grande parte da realidade política de uma Europa muito conturbada, nos finais do século, anunciando já a Primeira Guerra Mundial que marcaria o início do século XX. Nascia a Itália, mas aprofundavam-se as guerras de bastidores entre austríacos, franceses, russos e ingleses.


Cemitério Judeu de Praga