sábado, 24 de outubro de 2009

Mais sons de Outono…

Eis o conteúdo da minha última compilação, num único CD, para ouvir com o volume no máximo:

1 • Florence And The Machine - Dog Days Are Over
2 • Empire Of The Sun - We Are The People
3 • The XX - Crystalised
4 • The Temper Trap - Sweet Disposition
5 • Metro Station - Shake It
6 • Muse - Uprising
7 • Glasvegas - Daddy's Gone
8 • Yeah Yeah Yeahs - Zero
9 • Arctic Monkeys - Crying Lightning
10 • Friendly Fires - Paris
11 • Bat For Lashes - Daniel
12 • Kings Of Leon - Use Somebody
13 • Manchester Orchestra - I've Got Friends
14 • Metric - Help I'm Alive
15 • Silversun Pickups - Panic Switch
16 • Scarlett Johansson & Pete Yorn - Relator
17 • Bombay Bicycle Club - Always Like This
18 • The Maccabees - No Kind Words
19 • Peter Bjorn & John - Nothing To Worry About
20 • Animal Collective - Summertime Clothes

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sábado, 10 de outubro de 2009

Richard Yates – Revolutionary Road




Este é um livro sobre liberdade, sobre projetos adiados mas que iluminam uma vida. April e Frank queriam remar contra a maré; sonharam com uma vida diferente; fugir ao tédio da mediania; fugir à miserável condição de sonhadores adiados, de membros da colmeia onde todos seguem os mesmos padrões, onde todos se olham como rivais mas sempre membros da mesma “carneirada”. Frank e April sonharam ser diferentes; sonharam ser felizes; talvez não tenham conseguido. Mas sonharam. E portanto, viveram.

Publicado pela primeira vez em 1961 este livro é uma das sátiras mais assertivas que até hoje li sobre a sociedade norte-americana, tal como ela foi formada pelo neoliberalismo triunfante no período após a segunda guerra mundial.

Em causa está um modelo de vida que privilegia o formalismo burguês da classe média e o materialismo capitalista disfarçado numa redoma de moralismo conservador tipicamente americano. Na verdade o autor parece ter como alvo principal esse conjunto de ideias conservadoras e moralistas que apenas fornecem uma imagem artificial da vida.

Frank, empregado num escritório que já arruinara todos os sonhos do pai, é o primeiro a dar-se conta de como a América caminha para a loucura, produzindo cidadãos totalmente alienados, envolvidos num conceito de normalidade avassalador que não permite desvios. Ou seja, que não oferece qualquer margem de liberdade. É a América esquizofrénica, pátria privilegiada da psiquiatria.

Este olhar triste e revoltado percorre quase todo o livro; mau grado o título que promete um certo tom de esperança, a verdade é que não há esperança nem redenção. John, considerado louco, internado num hospício, é o único que concorda com Frank quando este afirma que “este país é um vazio sem esperança”. Contra este modo de pensar, John recebe intensos tratamentos com choques elétricos.

Mas a triste realidade é a dos Campbells; esses sim, são os cidadãos normais da América. O chefe de família, Shep é a imagem quase perfeita de Homer Simpson: pouco dado à higiene, ignorante, bruto, egoísta e interesseiro. É esta a América dos anos 50, como é esta a América da atualidade que, por exemplo, Paul Auster nos retrata nos seus livros.

Em suma, trata-se de um livro de leitura muito fácil e agradável embora com um enredo algo sombrio. 



A adaptação do livro ao cinema feita por Sam Mendes resultou num excelente filme sobre o desespero e a falta de coragem para abandonar uma vida cómoda e partir em busca da vida sonhada. Kate Winslet (na altura esposa do realizador) é absolutamente brilhante no desempenho de uma dona de casa desencantada cuja vida seguiu um caminho diferente dos sonhos e que apesar do marido que a ama, dos dois filhos e da bonita casa nos subúrbios, vive numa linha ténue próxima do abismo onde acabará por cair e nos arrastar com ela. Brilhante, embora curto, é também é o desempenho de Michael Shannon, o filho da vizinha temporariamente num hospital psiquiátrico e que é o único a perceber o motivo do casal para querer partir da mesma forma que é o único a não aceitar quando decidem não o fazer. Mesmo depois de sairmos da sala o "vazio sem esperança" da sua última aparição continua dentro de nós, assim como o olhar desesperado e incómodo da protagonista em busca de ajuda.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009